Acho que quase todo mundo que trabalha com Tarot já deve ter passado por pelo menos uma situação em que as cartas tiradas simplesmente NÂO FAZEM SENTIDO.
Bom, portadora de Saturno na Casa 3 no meu mapa Natal – o que resulta em uma eterna insegurança em relação ao conhecimento e uma certa obsessão por estudar – durante muito tempo, enquanto ainda não exercia a atividade profissionalmente, ficava me sentindo um lixo e achando que o Tarot não era para mim. Decidi então escrever esse post para compartilhar a experiência com outras pessoas que eventualmente passem por isso, e para, se possível, ouvir a opinião dos colegas.
Ao tentar descobir por que alguns jogos parecem não fazer sentido, acabei chegando aos seguintes denominadores comuns:
1. Esquecia de pedir para o consulente cortar
Presencialmente ou virtualmente, para mim o corte funciona como uma autorização energética para abrir o jogo e ler seus símbolos. Não estou dizendo que isso faça parte do código de trabalho de todo tarólogo, mas faz parte do meu e TODAS as vezes que joguei sem cortar, o jogo saiu bizarro.
2. Consulente não formulava a questão de forma adequada
Sempre digo que a pergunta rege a resposta, não existe resposta no Jogo sem uma pergunta bem formulada. O que acontece, é que em diversas situações o cliente não sabe direito nem o que perguntar. Cabe ao tarólogo orientá-lo da melhor forma possível, no sentido de elaborar e lapidar a pergunta. Entretanto, por falhas de comunicação humana, estamos sujeitos a interpretar errado o que o cliente perguntou, e o Jogo se revela contando uma história que simplesmente não fecha com o que foi perguntado. Nesses momentos eu procuro dialogar com o cliente no sentido de examinarmos o que ele realmente queria saber quando estava tirando as cartas. Isso leva ao próximo item da lista:
3. Consulente não está concentrado no que perguntou
Para mim, o motivo mais comum. A pessoa verbaliza uma coisa mas está pensando em outra; faz a pergunta e quando está tirando as cartas está com a cabeça em outro lugar… Não está concentrada na questão. Aí sai um caos mesmo o jogo. Já vi tiradas onde a resposta era tão sem sentido diante do contexto geral que eu pedia para a pessoa me repetir EXATAMENTE no que estava pensando no momento em que tirou as cartas, e frequentemente a pessoa estava longe daquilo que havia verbalizado.
E sim, eu me comunico com meu cliente. Eu não sou vidente, médium ou adivinha, apesar de ter bastante sensibilidade e intuição. Eu vou construindo o jogo junto com o cliente, esse é meu estilo: tentar encontrar através das cartas uma luz, uma orientação para a situação vivida.
Eu em geral não gosto de jogadas “gerais” porque acho muito genéricas, mesmo tendo a possibilidade de desmembrar cada área depois. Mas admiro e repeito os cartomantes que através de uma simples combinação de cartas conseguem “ver” que tem uma pessoa nova no seu caminho, ou dinheiro entrando, dentro de uma jogada geral. Eu pessoalmente só consigo chegar a essas conclusões através de métodos específicos e perguntas adequadas.
4. Envolvimento emocional
Segue aqui meu último motivo para jogos truncados, motivo que leva vários tarólogos a evitar ler para si mesmos: o envolvimento emocional. Neste caso, não é que o jogo não faça sentido – a gente é que não consegue ler a simbologia, pois o plano racional não está isento – estamos impregnados de desejos, medos, sentimentos. Assim, fica complicadíssimo deixar a intuição e o conhecimento fluirem livremente sem serem distorcidos pelas nossas emoções. Se temos uma ligação estreita com o consulente, ou mesmo uma empatia forte, precisamos tomar cuidado em dobro no momento da leitura, para que estejamos sempre comprometidos com a lâmina da verdade.